
Nas Alturas
A primeira empresa brasileira de comércio de milhas aéreas conseguiu desafiar os preços exorbitantes das passagens de avião
Por Julia Fregonese
Max Oliveira era engenheiro sênior na mineradora Vale em 2012, quando uma irritação cotidiana fez surgir a primeira ideia de seu negócio. Na época, ele morava em Vitória, no Espírito Santo, e, no momento exato do estalo, estava comprando uma passagem para São Paulo, onde visitaria a namorada. O site teve um problema no processo de pagamento e, quando reiniciou a compra, a passagem que antes custava R$100 passou para R$500. Max ficou indignado. Mas percebeu que a quantidade de milhas para resgatar o bilhete não havia mudado. “Fiquei bastante incomodado e inconformado com aquilo. Acho que todo empreendedor tem um pouco desse inconformismo”, diz Max.
Ele desistiu daquela viagem. E começou uma maior ainda. Conversando com amigos, descobriu que quem tinha milhas geralmente não conseguia viajar antes que elas vencessem e que os brasileiros permaneciam reféns dos preços das passagens. Decidiu ser parte da solução dos problemas. Assim nascia a MaxMilhas, uma plataforma digital de compra e venda de milhas que tem hoje mais de 300 mil usuários e que movimentou R$100 milhões em 2016.
Foi durante uma visita à família em sua cidade natal, Ipatinga, Minas Gerais, que ele conheceu um dos seus primeiros parceiros, Hiran César, especialista em TI. Os dois se uniram a Conrado Abreu, sócio até hoje e cofundador, para estruturar o negócio. A plataforma foi ao ar em janeiro de 2013 com um investimento inicial de R$28 mil. “A melhor história do Max é que ele desenhou todo o site da MaxMilhas no PowerPoint, do jeito que ele achava que a empresa deveria ser”, conta Gustavo Conto, colega da Vale. Max continuou trabalhando na multinacional por seis meses, até que pediu demissão em agosto.
A MaxMilhas possui um software para comparar voos. Além de mostrar os valores cobrados por cada companhia aérea, a plataforma informa a quantidade de milhas necessárias para resgatar a passagem. Assim, o comprador pode optar por adquirir de um usuário que esteja vendendo milhas e pagar mais barato pela viagem. Se o bilhete emitido pela companhia estiver mais em conta, a MaxMilhas informa o cliente. A empresa ganha cobrando uma comissão sobre a venda de milhas pelos usuários, com uma margem acima de 20%.
Após ler uma matéria sobre a trajetória de Jorge Paulo Lemann, empresário brasileiro, Max pensou que poderia fazer algo maior do que estava projetando até então. Para Mônica Torres, esposa do empresário, o projeto foi evoluindo com o passar do tempo. “No começo, a MaxMilhas era um hobby. Depois virou um desafio pessoal, de sair de um lugar e construir uma coisa nova. Hoje ele superou o hobby e o desafio pessoal. Agora ele está no estágio de querer alcançar algo grande.”
Hoje, aos 31 anos, Max é o CEO da empresa através da qual pretende negociar entre 6 e 7 bilhões de milhas em 2017. A coordenadora de operações, Nathália Ramos, explica que o fundador
segue um dos valores da empresa: a evolução. “A cada dia a visão do Max fica maior, mais ambiciosa. Ele é muito aberto a feedbacks e a conversas. Preocupa- se em evoluir, não só como empresa, mas também como pessoa.”
Com uma rotina atarefada por conta do crescimento da MaxMilhas, o empreendedor dedica seu tempo livre à esposa e à prática de seu hobby, a música. Ele compõe, canta e toca violão. Está gravando um CD com canções que abordam temas como empreendedorismo e as dificuldades do dia a dia.